Rede Peperi

A abertura de leitos para pacientes com coronavírus nos pequenos hospitais da região gerou uma polêmica nesta semana no extremo-oeste. Na quinta-feira, o empresário Luiz Henrique Crestani publicou um vídeo nas redes sociais questionando por que o estado não investe na instalação de leitos para os pacientes de Covid na cidade. Neste sábado, o deputado Fabiano da Luz publicou um vídeo criticando a posição do empresário. Em seguida, Crestani fez uma nova postagem também com uma crítica muito forte ao deputado. Neste sábado, 27, a secretaria Estadual de saúde publicou uma nota afirmando que as declarações do empresário são inverídicas.

A polêmica levantada pelo empresário diz respeito aos leitos para pacientes da Covid-19 nos pequenos municípios da região. Luiz Henrique Crestani usou as redes sociais para mostrar que o hospital de Palma Sola – que é da família dele - está vazio. Ele questionou por que o governo do estado não usa a estrutura para instalar os leitos de Covid e desafogar o Regional. Crestani disse que o governo deveria mandar os equipamentos e as equipes para o atendimento dos pacientes em Palma Sola e em outros pequenos hospitais da região. Ele citou que o hospital não atende os casos da doença porque o Estado não deixa. O empresário disse que é mais fácil fechar o comércio do que tomar atitude e colocar a coisa para funcionar.

Neste sábado, o deputado Fabiano da Luz gravou um vídeo afirmando que a secretaria estadual de Saúde fez um trabalho intenso durante o ano passado para que os hospitais se organizassem para receber pacientes de Covid. Ele disse que nem todos aceitaram o pedido. Com o agravamento da pandemia, o Estado voltou a cobrar o envolvimento dos hospitais particulares. Fabiano disse que não é hora de oportunismos, mas de ajudar a resolver de fato o problema. Em seguida, o empresário voltou às redes sociais. O portal Peperi procurou Luiz Henrique Crestani que não quis comentar o assunto. A sequência dos vídeos está no final desta matéria.

NOTA DO ESTADO

Neste sábado, 27, a Secretaria Estadual de Saúde notificou o empresário Luiz Henrique Crestani solicitando que o vídeo seja retirado do ar e emitiu uma nota repudiando “a divulgação de conteúdos como o vídeo em questão, repleto de afirmações inverídicas e conteúdo ofensivo e lançadas às redes sociais com o único objetivo de trazer desinformação à sociedade”. O documento cita ainda que “a unidade de Palma Sola durante todo esse tempo se esquivou de pactuar com o Estado para ativar leitos para atender sua comunidade. As afirmações no material divulgado são completamente descabidas de veracidade”.

De acordo com o texto, assinado pelo secretário André Motta Ribeiro, o Governo do Estado fez diversos pedidos para que a unidade hospitalar auxiliasse no enfrentamento à pandemia. Somente na sexta-feira, a direção do hospital se comprometeu com abertura imediata de 10 leitos clínicos ou cirúrgicos adulto para internação clínica de casos suspeitos ou confirmados de Covid-19.

A nota do estado afirma que “não somente é possível o atendimento de pacientes COVID-19 no hospital Santa Rita de Cássia de Palma Sola, como é obrigação da direção da unidade hospitalar a imediata ativação dos 10 leitos contratualizados, até porque receberá recursos públicos do Estado de Santa Catarina para custeio dos referidos leitos, sob pena de descumprimento contratual e aplicação das penalidades daí decorrentes”.

LEITOS CLÍNICOS E DE UTI

A abertura de leitos de UTI em pequenos hospitais da região é mais difícil do que a instalação dos leitos clínicos que são destinados para casos não graves da doença. De acordo com o diretor do Hospital Regional, Rodrigo Lopes, a abertura de leitos de UTI requer, além dos equipamentos de terapia intensiva, uma estrutura para o funcionamento dos leitos. A UTI requer, por exemplo, uma rede de gases de ar comprimido, oxigênio, laboratório 24 horas por dia, tomografia e uma equipe completa de profissionais especializados. Lopes disse que a maioria dos pequenos hospitais não tem essa estrutura para suportar uma UTI.

Por conta disso, o Estado habilitou leitos clínicos de Covid para atender os casos não graves da doença. No extremo-oeste, são cerca de cem leitos em pelo menos sete hospitais. São todos leitos de enfermaria para os casos que não precisam de internação em UTIs. O número foi ampliado nas últimas semanas em razão do crescimento de casos da doença. Em Itapiranga, são 26 leitos de enfermaria específicos para os pacientes com coronavírus. No Hospital Municipal de Dionísio Cerqueira, no São Lucas de Guaraciaba e no Hospital de Iporã do Oeste são mais 30 leitos, 10 em cada unidade. O Hospital de Cunha Porã e o Mondaí têm 20 leitos cada um. Nesta sexta-feira, o Hospital de Palma Sola, que pertence à família do empresário Luiz Henrique Crestani, confirmou que vai abrir 10 leitos clínicos para os casos de Covid.