12.09.2024 às 20:43h - atualizado em 13.09.2024 às 09:53h - São Miguel do Oeste
Um fenômeno incomum chamou atenção dos moradores de São Miguel do Oeste e região nesta quinta-feira, 12, a chamada “chuva preta”. Conforme o professor da Unoesc e biólogo Jackson Preuss, o fenômeno ocorre quando a precipitação se mistura com partículas de fuligem presentes na atmosfera, geralmente originadas de queimadas.
"Esse fenômeno, conhecido como chuva preta, pode causar diferentes impactos, inclusive afetando a saúde humana. Basicamente, trata-se da interação entre a chuva e partículas de fuligem, compostas por carbono e outros poluentes. Ao cair junto com a precipitação, esses compostos conferem uma aparência mais escura à chuva. No solo, essa fuligem pode alterar sua composição química, impactando diretamente na água e nos organismos que dela dependem", explica Preuss.
Ele destaca que essa água, contaminada com uma quantidade maior de carbono e poluentes, pode causar problemas tanto em animais terrestres quanto aquáticos. “Os peixes e outros organismos aquáticos podem ser afetados pela mudança na composição da água, assim como os animais terrestres que bebem dessa fonte. O acúmulo de fuligem nas folhas também pode prejudicar a fotossíntese, dificultando a absorção de luz pelas plantas”, acrescenta.
Segundo o biólogo, os humanos também não estão imunes aos riscos. "Se consumirmos água de riachos ou córregos onde essa fuligem se acumulou, podemos ser afetados pela alteração química da água. Além disso, é crucial lavar muito bem os vegetais cultivados em hortas, já que a fuligem pode se depositar nas folhas e entrar em contato com o organismo ao ser consumida", orienta o professor.
Preuss ressalta ainda que o fenômeno está diretamente relacionado à qualidade do ar. “Estamos vivendo um período muito complexo, especialmente no Norte do Brasil, Sul da Amazônia e no Pantanal, onde as queimadas são frequentes. A fumaça, ao interagir com o ar, prejudica a nossa respiração e afeta a saúde das vias aéreas, causando irritação e outros problemas respiratórios", alerta.
Para o especialista, a principal solução está na redução das queimadas. "A diminuição da liberação de carbono na atmosfera passa diretamente pela redução das queimadas. Com o aumento das chuvas, a fuligem acaba precipitando com a água, o que pode melhorar, ao menos momentaneamente, a qualidade do ar em algumas regiões", conclui Preuss.
Segundo o meteorologista chefe da Defesa Civil, Felipe Theodorovitz, a "chuva preta" registrada em São Miguel do Oeste e outras cidades catarinenses está associada à passagem de uma frente fria pelo estado. "Essa frente fria começou a se deslocar pelas áreas de divisa com o Rio Grande do Sul e, a partir desta quinta-feira, 12, avança em direção às demais regiões de Santa Catarina", explica Theodorovitz.
O meteorologista também reforça que o fenômeno da "chuva preta" não significa que a precipitação será visivelmente escura enquanto cai. "A fuligem só é percebida quando a água da chuva toca o solo ou outros objetos. Ela não tem uma coloração preta visível no ar, mas a contaminação é evidente quando a água seca e deixa resíduos escuros", detalha.
Foto(s): Divulgação/ Portal Peperi
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