11.09.2025 às 10:52h - atualizado em 11.09.2025 às 10:55h - Geral

El Niño faz SC ter queda brusca na produção de soja e milho em 2024, aponta IBGE

Ricardo Orso

Por: Ricardo Orso São Miguel do Oeste - SC

El Niño faz SC ter queda brusca na produção de soja e milho em 2024, aponta IBGE
Foto: Divulgação, NSC Total

O ano de 2024 foi marcado pela redução nas culturas de soja e milho em todo o país devido à influência climática do El Niño que, ao contrário dos anos anteriores, provocou estiagem prolongada mais severa. Em Santa Catarina, não foi diferente: a queda na produção de soja no Estado foi de 24,11%, se comparado a 2023. Já em relação ao milho foi ainda mais brusca: 42,72%. Os dados são da Produção Agrícola Municipal (PAM) de 2024 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quinta-feira, 11.

No Brasil, a soja e o milho apresentaram queda de 5% e 12,9% na produção, respectivamente, e sofreram com a retração dos preços no mercado internacional. Ambos foram os produtos que mais contribuíram para a queda no valor de produção agrícola nacional, de acordo com o PAM.

Ainda assim, dentre todas as culturas agrícolas, a soja permanece em destaque em termos de valor gerado, tendo participação de cerca de um terço do total nacional. Ondas de calor e pancadas de chuva marcaram verão em SC

A safra de soja no Brasil, de forma geral, tem o plantio concentrado entre setembro e novembro, com colheita que pode variar de janeiro a maio. Para o milho, a primeira safra (de verão) ocorre simultaneamente com a soja.

Em Santa Catarina, o verão 2024/2025 foi a estação mais quente do ano, com temperaturas em alta, chegando a 30°C, além de registrar a ocorrência das famosas “chuvas de verão” no fim da tarde. Ou seja, apesar da presença da chuva, ela ocorreu de forma pontual e não gradual, o que causou a estiagem em alguns momentos.

Isso pode ter prejudicado a produção das duas culturas, uma vez que, segundo o estudo do IBGE, é importante que as chuvas sejam bem distribuídas para que elas completem um bom ciclo. O milho, por exemplo, foi prejudicado logo no início da safra devido a temperaturas abaixo de 15°C e as geadas em agosto de 2024.

É importante lembrar também que, já no início de 2024, o calendário para plantio da soja em Santa Catarina foi prorrogado em 20 dias pela Secretaria de Estado da Agricultura em função das chuvas do último trimestre do ano anterior. Esses problemas climáticos atrasaram a semeadura ou exigiram replantio de culturas que precedem a segunda safra do grão.

Entenda quais são os efeitos do El Niño em SC

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o El Niño é o nome dado ao aumento na temperatura da superfície da água no Oceano Pacífico, fazendo ela evaporar mais rápido. O ar quente sobe para a atmosfera, levando umidade e formando uma grande quantidade de nuvens carregadas.

Com isso, no meio do Pacífico chove mais, afetando a região Sul do Brasil, pois a circulação dos ventos em grande escala, causada pelo El Niño, também interfere em outro padrão de circulação de ventos na direção norte-sul e essa interferência age como uma barreira, impedindo que as frentes frias, que chegam pelo Hemisfério Sul, avancem pelo país. Logo, elas ficam concentradas por mais tempo na região Sul.

O contrário, o resfriamento dessas águas, é chamado de La Niña. Normalmente, o El Niño perde força, a temperatura no oceano volta ao “normal” — o chamado período de neutralidade — e gradativamente vai ficando mais fria, entrando no La Niña. Os efeitos do La Niña para Santa Catarina são o oposto do outro fenômeno, já que as chuvas caem em menor volume no Estado.

Como foi a produção de milho e soja no país?

As lavouras nos principais estados produtores enfrentaram predominantemente condições de produção difíceis, em virtude principalmente da predominância do fenômeno El Niño, ainda segundo o levantamento do PAM. Estados como Mato Grosso, Goiás, Paraná, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais sofreram perdas significativas, provocadas por estiagens prolongadas, altas temperaturas e chuvas mal distribuídas, que ocasionaram o atraso no plantio e comprometeram seriamente o potencial produtivo das lavouras, impactando negativamente os resultados da safra nacional.

Após o recorde de produção na safra de grãos de 2023, o ano de 2024 foi marcado pela redução nas culturas de soja e milho, que juntas responderam por quase 88,7% da produção de grãos do Brasil. Isso se deu após registro de adversidades climáticas que afetaram as principais regiões produtoras de grãos do país, diminuindo a produtividade média das lavouras.

O Paraná e parte da Região Sudeste sofreram desde o início com a baixa incidência de chuvas, enquanto o Rio Grande do Sul perdeu parte de sua produção com o excesso de chuvas.

Novamente, foi constatada a ampliação das áreas plantadas da maior parte das culturas agrícolas, a exceção do milho e do trigo, que apresentaram quedas significativas nos preços, tornando-se menos atrativas aos produtores, que apostaram em culturas com melhor rentabilidade e menor risco.

Ainda, a produção de milho apresentou acentuada queda frente ao ano anterior (12,9%). Os preços, que também vinham sofrendo pressão baixista desde 2023, agravada pela desvalorização do câmbio brasileiro frente ao dólar, colaboraram para o desestímulo dos produtores na ampliação das áreas plantadas, o que resultou em uma retração de 1,1 milhão de hectares cultivados em 2024. Todos esses fatores exerceram forte efeito sobre o valor gerado, que apresentou redução de 13,5%, mantendo o produto na terceira colocação no ranking de valor de produção agrícola nacional, atrás da soja e da cana-de-açúcar, produto este que, apesar de registrar queda de 2,9% na produção em 2024, registrou novo incremento de 3,0% no valor de produção no ano, impulsionado principalmente pelo aumento no preço do etanol.

Mesmo com a queda na produção de soja, em 2024, o Brasil manteve a posição de maior produtor e exportador global da oleaginosa. Houve nova ampliação das áreas de cultivo, ocupando principalmente áreas anteriormente destinadas à produção de milho. Com os preços da commodity em queda desde 2023, o decréscimo no valor de produção foi ainda mais acentuado, caindo 25,4% no ano. Ainda assim, a soja manteve o maior valor de produção agrícola dentre todos os produtos levantados, sendo o segundo maior produto nacional em valor gerado com exportações no ano, ficando atrás apenas de óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos crus.

Fonte: NSC Total

Comentar pelo Facebook

Fique por dentro das últimas novidades do Portal Peperi.